Profissionais da comunicação : da experiência de campo ao desafio da docência no ensino superior

Abstract

A docência universitária requer conhecimentos e habilidades específicas e formação adequada para atender as novas demandas de estudantes universitários e do mundo do trabalho. Esse movimento também se faz necessário na docência na área do jornalismo. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi compreender as possíveis interfaces entre as experiências do campo profissional e as práticas pedagógicas dos professores jornalistas no contexto da sala de aula na universidade. Buscou- se entender suas referências pedagógicas, uma vez que, em tese, não existem nos cursos de formação inicial de jornalismo disciplinas ou conteúdos que possam direcionar o estudante de comunicação para a atividade especificamente de docente em nível superior. Como objetivos específicos foram: analisar as razões dos jornalistas fazerem da docência universitária a sua nova profissão; identificar as transposições das experiências no campo da comunicação social para a docência do jornalismo e analisar se as tecnologias de informação digitais impactaram à docência no Jornalismo, além de identificar quais e como são utilizadas pelos professores. A abordagem da pesquisa foi qualitativa, e os sujeitos da pesquisa foram 8 (oito) jornalistas por formação, professores de cursos de jornalismo da cidade de São Paulo, SP, e de Criciúma, SC. A técnica de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada e para a interpretação dos dados foram utilizados os princípios da análise de conteúdo de Bardin (2002). O aporte teórico sobre a docência na educação superior teve como base Cunha (1989 e 2004), Volpato (2010), Zabalza (2004), Tardiff (2002), dentre outros, e sobre a tecnologia na educação Vieira Pinto (2005), Nóvoa (2015) e Meditsch (2018). O estudo demonstrou que parte dos entrevistados entrou na docência por mero acaso, outros por identificação com a mesma enquanto alunos, outro ainda por perceberem a necessidade de unir teoria e prática enquanto era estudante. Parte deles reconhece que possui dificuldades pedagógicas no que diz respeito à tecnologia e até mesmo em relação aos alunos, sobretudo porque reclamam de que falta cultura básica para aprenderem o conteúdo de sua disciplina. Por outro lado, notamos também que parte dos docentes se negam a aprender a lidar com tecnologias nas aulas ou se aprimorar nisto. A maioria dos pesquisados trouxe exemplos de transposições das práticas de jornalismo para o espaço da sala de aula, permitindo uma melhor relação teoria e prática. Dentre as experiências compartilhadas com os alunos em sala citam atividades como: entrevista coletiva em sala de aula, simulação de uma inserção ao vivo com necessidade de improviso, e um deles convida profissionais do ramo para palestrarem, assim como se utiliza das atividades próprias de seu trabalho para repercutir em sala, o que nos permitiu compreender de que maneira esses docentes estão lidando com o ensinar Jornalismo para seus estudantes.